sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Para jornalista que divulgou documentos secretos do papa, motivo da renúncia seria igreja dividida


Um dos responsáveis pelas denúncias que deflagraram o escândalo conhecido como "Vatileaks" --o vazamento de documentos secretos da Santa Sé--, o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, 43, disse que a renúncia de Bento 16 foi causada pela perda de poder do papa para reformar a cúpula da igreja.

Em entrevista à Folha, ele afirmou que a elite administrativa do Vaticano está rachada por intrigas e suspeitas de corrupção.Nuzzi é autor de "Sua Santità" ("Sua Santidade", em português), livro que aponta um crescente antagonismo entre o papa e o número dois do Vaticano, o secretário de Estado Tarcisio Bertone. Os documentos que abasteceram o livro de Nuzzi e a imprensa italiana provocaram a prisão e a condenação de Paolo Gabriele, o mordomo do papa que foi acusado de ser o autor do vazamento. Gabriele recebeu indulto do pontífice.O escândalo jogou sobre o cardeal Bertone a suspeita de ter promovido uma campanha para afastar o arcebispo Carlo Maria Viganò, responsável pelas licitações do Vaticano, que havia denunciado casos de corrupção.

O escândalo que ficou conhecido como "Vatileaks" (numa referência ao WikiLeaks) emergiu em janeiro de 2012, quando a rede de TV italiana A7 divulgou cartas enviadas pelo atual núncio nos EUA, Carlo María Viganò, a Bento 16, nas quais denunciava "corrupção, prevaricação e má gestão" na administração vaticana.Em maio, centenas de novos documentos secretos vieram à tona com a publicação do livro "Sua Santidade - As Cartas Secretas de Bento 16", do jornalista Gianluigi Nuzzi, mostrando complôs e intrigas na Santa Sé. Alguns documentos mostram confrontos travados sobre o problema do Banco do Vaticano em cumprir normas internacionais de transparência. O presidente do banco, Ettore Gotti Tedeschi, foi retirado do posto.As acusações de vazamento dos documentos recaíram principalmente sobre o mordomo de Bento 16, Paolo Gabriele. Ele confessou o roubo de documentos, justificando que "queria provocar um choque para colocar a igreja no bom caminho".
Fonte: Folha de São Paulo

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